sexta-feira, 22 de maio de 2009

USINA BRASILEIRO: UM CASO DE SUCESSO EM TERRAS ATALAIENSES.

Carlos T. de Araújo Abreu*
O desenvolvimento da economia açucareira alagoana surgiu em 1892, com a construção da 1ª usina de açúcar em Alagoas – a Usina Brasileiro – instalada no município de Atalaia, por uma firma particular e sem a ajuda do governo.
Seu fundador foi o francês Baron du Saint Siége Félix Eugène Wandesmet, o Barão de Vandesmet, e como era conhecido. Félix Wandesmet era Cônsul da França no Brasil. Dono de grande poder econômico construiu a usina em Atalaia ao mesmo tempo em que construía no Pilar uma destilaria de álcool, cuja matéria prima – o mel – era fornecida pelos engenhos de açúcar daquele município e de Atalaia.
Além de possuir grande tino administrativo era o industrial francês um inovador, criador de novas técnicas. Foi o primeiro a usar em Alagoas a irrigação de fazendas através de motor a gás pobre (lenha). Instalou um telefone à manivela para a sua comunicação entre a usina e Atalaia. Introduziu em Alagoas as variedades de cana de açúcar: Demerara, Barbados e White Transparent.
Teve a usina várias denominações “Usina Brasileiro Félix Wandesmet” desde a sua fundação até 21 de outubro de 1922, quando passou a se chamar “Usina Brasileiro Wandesmet & Cia”.
A sua primeira moagem se deu a 18 de janeiro de 1892, debaixo de grande regozijo para uns e tristezas para outros – os Senhores de Engenhos – que viram ruir de repente o seu poderio, tornando-se destarte, simples fornecedores.
A sua instalação primitiva coube à responsabilidade do mecânico João Siqueira, pai dos jornalistas atalaienses Valdir e Valmir Calheiros de Siqueira. Montada inicialmente com um motor de 90 HP e 8 turbinas, sofreu reformas em 1905 passando a moendas de tríplice pressão – três motores de explosão a óleo diesel, de fabricação inglesa (Blackstone) e dois de fabricação tcheca, (Esokad) comprados a COTRIMONTE. A instalação destes motores coube ao mecânico João Monteiro Malheiros, conhecido por João Dezenove, por ter perdido um dedo da mão por acidente.
Na primeira moagem a safra foi de 4.000 sacas de açúcar, atingindo posteriormente a mais de 300.000. O açúcar seguia para o Pilar, e daí, em embarcações lacustres, para o porto de Maceió. Moeu pela ultima vez na safra de 1957/58 com uma produção de 36.562 sacas de açúcar demerara e 700 de açúcar cristal.
O local onde foi instalada a usina, a menos de dez quilômetros da cidade, tornou-se um grande centro populoso, na época, e até se tornou ponto turístico, pois muitos vinham ver a “usina do francês” ou a “industria do Barão”. A localidade possuía uma feira livre aos sábados e domingos que atraia comerciantes de outros municípios.
O progresso desta usina foi tão grande no tempo do seu fundador que foi considerada a de maior produtividade, na época em todo país.
O entusiasmo do Barão dinamizou a vida socioeconômica e cultural de Atalaia. As festas natalinas que ali se realizavam atraiam gente de quase todo Estado. Os vagões de trem da usina eram postos à disposição para o seu transporte. Neste período o folclore em Atalaia tomou grande impulso, vivendo a sua fase áurea, especialmente o guerreiro, a chegança, a cavalhada e pastoril.
Morreu Félix Vandesmet em 1932, na usina Brasileiro.
Com a morte do Barão a usina passou a ser administrada por Paulo Decapot e o engenheiro Oscar Berard, sendo dois dos seus seis filhos, Malembranche e Agenor Berard Carneiro da Cunha os maiores mandantes.
Em 1933, Oscar Berard, já dono da Usina Rio Branco (União Agrícola Usina Rio Branco), conhecida por Usina Estrada Branca, por ficar situada no povoado Estrada Branca, deste município, comprou a Usina Brasileiro. Em 1941, Grupo Celso Piat e Carlos Piat compra a Usina Brasileiro. Não safrejou nem uma vez nas mãos deste grupo; haviam muitos credores e a negociação ficou pendente. Em 1942, entra em litígio. Em 1965, os Berard requerem ação de seqüestro e a justiça concedeu, nomeando um depositário judicial, o Sr. Antonio Carlos de Morais. O Banco do Brasil um dos seus grandes credores depositários.
Em 1º de dezembro de 1933 passa a usina às mãos dos Berard e a firma muda para Usina Brasileiro Oscar & Cia”e em 1941 já em poder do Grupo Piat, denominou-se “Usina Brasileiro de Açúcar e Álcool S.A.” com o qual chegou a seu fim em 1958.
Conta-se que logo após a morte do Barão as coisas mudaram para os operários. Eles passaram a ser mal remunerados e demitidos em massa. Um destes sofredores vaticinou: “de agora em diante esta usina há de crescer como borracha no fogo, e o seu telhado há de ser coberto de mato”.


Aqui estão fotos da Usina Brasileiro na visita que eu fiz em outubro de 2008.





















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* Professor de Geografia da SEMED de Atalaia e da rede estadual de ensino, formado em Geografia e Especialista em Gestão Escolar pela UFAL.



2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Prof q adoro ficou massa essa redação q vc fez viu...Arrazou...


    bjim

    Ana Brasil

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